As exigências sociais e com elas a necessidade das famílias
despenderem uma quantidade maior de
horas-trabalho, tem alterado a qualidade das relações de convivência. Pais e
filhos jovens trabalham e estudam, do amanhecer até altas horas da noite e o
período de permanência em casa fica reduzido a poucas horas, que ainda requerem
o cumprimento mínimo das tarefas domésticas. Onde fica a convivência, o
contato, o tempo de ouvir e contar histórias pessoais, de orientar, de
compartilhar alegrias e tristezas, afetos e desafetos...? A convivência perdeu
seu espaço e esta tem sido a triste realidade de nossas famílias. Se não há
mais tempo para conviver, para conversar, o que sobra é terceirizar. Assim como
no mundo corporativo, acontece em grande parte das famílias que acabam tendo
que contratar pessoas, nem sempre especialistas, para conversar e orientar
nossos filhos, casais, homens e mulheres, que não encontram espaço, nem tempo
para o encontro. Tempo disponível para ouvir e ser ouvido, para dialogar,
trocar ideias, já não há mais tempo para o tempo do encontro. São babás,
psicólogos, psicopedagogos, massagistas, cozinheiros, bufes, motoristas, uma variedade de profissionais com técnicas e
ferramentas, mas desprovidos de vínculo. Profissionais da moda, apresentados
pelo mercado, que são substituídos conforme o preço e a novidade com que
apresentam seus recursos, estimulados por uma mídia, que ilude mais do que
soluciona. Fato é que, sem tempo para conviver, as famílias são capturadas pela
frieza glacial do mercado cuja intenção
é vender seus produtos e sobreviver nesta ciranda de desarmonia. Através de uma
roupagem de modernidade, as pessoas se deixam ser levadas por esta onda de
terceirização sem nenhum questionamento deste modelo, que mais distancia do que
aproxima as pessoas nas suas relações de convivência. Sabemos que é o vínculo que aquece e nutri as
relações nos encontros, mas para isto é preciso de tempo e presença. É no
prazer do estar junto que os elos de amizade, de carinho, de amorosidade, de
gratidão, de reconhecimento se estabelecem entre as pessoas. Abdicar destes
espaços é abdicar da própria vida, é se deixar ser máquinas a serviço de
interesses capitalistas, é se desumanizar. Uma boa conversa vale mais que
muitas horas contratadas.
Abraços ****
Vivi
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