O gesto é a
expressão do ser humano vivo, na vitalidade de seu corpo vivo. Em cada gesto
cada pessoa coloca o seu “si mesmo”, naquele momento em que o gesto se
expressa. Todo gesto, por menor que seja,
tem a capacidade de revelar quem somos, onde estamos, quem de nós está ali
naquele determinado instante, diante daquela determinada configuração do
ambiente e suas afetações. Como uma palavra corporal, o gesto comunica, faz contato, aproximando ou
afastando pessoas e ambientes. A pessoa que habita o seu corpo, se faz presente
nos presentes vivos da vida, nos encontros, consigo mesmo e com os outros, tem
a chance pelo contato somático de se autoconhecer, se descobrir e agir sobre si
mesmo no aperfeiçoamento da sua pessoalidade. Muitas vezes o gesto é apenas esboçado através
de uma simples expressão do olhar, nos mínimos movimentos da face ou das mãos, dos
pés, num instante de respiração, mas sempre será revelador. Involuntário ou
voluntário, o gesto sempre comunica algo, sempre haverá uma mensagem. Talvez
não haja qualidade na presença para captar, mas será sempre uma linguagem, uma
narrativa pessoal, única daquele instante. Compreender esta linguagem é refinar
atenciosamente a presença, uma presença
que não seria menos sincera e valiosa que o mais detalhado dos relatos de uma
vida escrita em uma folha de papel. O gesto é a expressão de uma biografia.
Reconhecer o gesto é também se autoconhecer nas múltiplas narrativas e faces de
si mesmo, é edificar uma autobiografia.
Abraços ****
Vivi